quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

As manchetes que ninguém lê

Extra! Extra! Extra! Um imbecil escreve para milhares de pessoas que nem lhe dão atenção! Essa poderia ser a manchete do meu jornal, e poderia ser a mesma por muito tempo, pois esse blog é menos visitado que o Afeganistão em tempos de guerra. Mas eu já escrevi um texto exprimindo todo o meu ódio de viver uma vida medíocre. Pois bem, essa vida continua medíocre, e além de tudo isso, acabei de perder meu cachorro, que era uma das poucas coisas, acho que chamá-la de "coisa" não fica legal, era um dos poucos seres com quem eu me abria e que me entendia, mesmo sem dizer nada para me apoiar, um simples gesto seu já me demonstrava apoio em momentos difíceis, e esses gestos também significavam um pedido de ajuda nesses últimos dias de vida que teve. Senti a maior dor do mundo em vê-la já morta, e me desculpei por não ter tido coragem de vê-la em quanto ainda estava viva. Engraçado, percebi a clara diferença entre a morte de um animal e de um ser humano. Minha família é grande, logo várias pessoas "vivem morrendo" por aqui, e a unica morte que eu senti tanto quanto a da Lana, minha cachorra, foi a de minha avó, em 2006. Acho que vejo a morte de uma maneira diferente, não consigo ficar triste quando alguém, mesmo que um parente, morre. Não sei se isso vem do meu jeito agnóstico de ser, mas vejo a morte como a melhor das saídas para quem sofre ou quem já viveu o bastante. A morte me conforta mais do que ter de acompanhar o sofrimento de uma pessoa ou de um ser  (leia cão). 
Não sei bem como estou me sentindo agora, já que faz praticamente uma semana desde a morte da Lana, mas acho difícil que eu volte a chorar por sua morte. Dizem que o luto tem sete estágios, bobagem! O que me resta são ótimas lembranças desse ser maravilhoso que fez dez anos da minha vida muito felizes, e que eu agradeço a oportunidade de ela ter compartilhado sua vida comigo. Fiz o que pude, me arrependo apenas de não ter me despedido dela em vida, pois eu tive medo de ver seu sofrimento. Eu sempre escutei histórias de que os cães se recolhem longe de seus donos para morrer, que isso é de seu instinto. Foi isso o que aconteceu comigo, lógico que ela fez isso involuntariamente, mas aconteceu mesmo assim. Não tive de ver seus últimos momentos, seu último suspiro, assim como não gostaria que alguém visse o meu. A morte deveria ser algo particular, pelo menos pra mim, e ao invés de velórios tristes e enterros em baixo de chuva (pois é assim que penso em enterros), não deveria ser feito nada além de uma grande festa. A vida já é tão triste. Qual o motivo pra chorar a morte de quem nos fez tão feliz? Com certeza a morte é bem mais fácil do que a vida, disso tenho certeza.
Espero ter expressado meus sentimentos com clareza ao meu vasto público.
Obrigado Lana. 

Um comentário:

  1. Fui ler essa postagem apenas hoje, agora qse que indo dormir..
    Foram as palavras mais sinceras que já li e adminiro a sinceridade que muitas pessoas mostram quando se mostram a beira de algum 'abismo'.
    Sempre tão intenso, tão verdadeiro, tão puro.
    Não entenda mal, não estou debochando da sua dor!

    Apenas estou admirando o sentimento!

    Ahh! mesmo que alguem nos fez muuuito feliz, e foi melhor que tivesse morrido ao inves de continuar sofrendo, nós choramos por saber que nunca mais sentiremos ela tão perto, alem de estar no coração e nas boas lembranças.
    Fique bem guri.

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