terça-feira, 21 de março de 2017

C. R

O ódio é visceral.

A vida é descartável.

Se liga, malandro

Tu não manja nada.

Ela escreve com ódio. Ela escreve com pressa. Com medo. Com alegria e um tesão do caralho. Ela escreve bem por demais, e consegue contagiar quem está lendo. Ninguém lê o que ela escreve, assim como acontece comigo. Eu fico imaginando quanta gente também não escreve bem desse jeito e não tem reconhecimento.

Na moral, ela se confunde com ela mesma, assim como eu faço comigo. É tanto sentimento junto que não dá tempo de alinhar tudo. É uma euforia, uma excitação, uma porrada de sentimentos juntos, todos de uma vez. Eles se misturam e te levam do céu ao inferno, num piscar de olhos. Que fita.

Espero que ela ainda escreva.

Que ela não tenha morrido.

Que ela viva dentro dela mesma.

Procurando ainda um sentido.


quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Me-do

A noite vem triste
Antes da madrugada
O medo bate à porta
Pouco antes da alvorada
A alegria chega cedo
Na manhã ensolarada
E a vida se repete
Pra terminar num eterno nada.

Vontade de escrever
Botar pra fora
Fazer sucesso
Ser lembrado

Às favas.

O que importa é expor tais sentimentos.

Não. Acho que não.

Numa conversa comigo mesmo ainda minto. Omito. O motivo eu não sei, mas sinto que isso acontece.

Poesia não é difícil. Ela simplesmente acontece. Basta estar disposto e atento pra acolhe-la.

Mais uma noite
Cheia de pensamentos
Pensamentos de medo
Que virarão pesadelos
Pra culminar com a alvorada
Bela e resplandescente
Que irá confortar
Os pensamentos da mente.

Parece fácil rimar, encaixar as palavras, tornar tudo métrico, de encaixe perfeito. Mas tem que fazer sentido, porque isso é o que importa, passar a mensagem, de forma reta e não torta.

Eu tenho medo e já aconteceu
Eu tenho medo e ainda está por vir
Morre o meu medo isso não é segredo
Eu mando buscar outro, lá no Piauí.

Isso é Belchior. Parece não ter sentido, mas tem. Pra caralho.

Desafia o medo
Torna-o teu amigo
Traga-o pra perto
Pra cima do umbigo.

Que a noite se finalize
Com um sono profundo
Ao som de Tim Maia
Que amanhã tem mais mundo.

Ainda tentando evitar a soberba.


quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Textão

Mais de três anos em silêncio. Mais de três anos longe de mim mesmo. Muita coisa aconteceu nesse "meio" tempo. Idas e vindas, encontros e desencontros, entre tantos outros clichês. Há tempos que a colega inspiração não aparecia. Estava meio tímida, dava um lampejo aqui um acolá, mas nada que se firmasse ou que fizesse sentido. Eu que ia embalado de Itunes, hoje vou de Spotify. Belíssimo aplicativo, diga-se de passagem.

Mas o que me traz até aqui nessa madrugada?

Muita coisa. Mas tá uma bagunça aqui que tá complicado. Tem alguma coisa me incomodando, mas ela não tem forma, não tem nome e nem rosto. É uma sensação esquisita. Parece que tá tudo errado. Eu não sei se sou só eu, ou se é todo mundo que anda diferente. Tem muita opinião diferente da minha por aí. E eu ~ainda~ não sei como lidar com isso, rs. Sempre tive certeza de que a razão sempre esteve ao meu favor, mas nesses três anos de exílio, comecei a me deparar com pensamentos, situações e doutrinas diferentes, e o pior é que fazem sentido!

Mas como é que pode ser uma porra dessas?!

Logo eu?! Que sempre estive certo?! Sempre escutei a melhor música, sempre assisti os melhores filmes, sempre tive certeza de estar certo, de pensar certo, de ser justo?!

Errei. 

Rude.

Passei por muita coisa, conheci lugares que jamais imaginaria conhecer, pessoas que jamais imaginei que existissem e essas, em sua incrível simplicidade, me deram uma aula de inteligência. A soberba é sorrateira. Quando você se dá conta, foi pego pela imbecilidade. 

Cara, eu não sou imbecil. Mas confesso que estive imbecil. Por demais.

Acho que esse é o mal do mundo. A soberba, que anda fazendo geral ficar imbecil. Que fique bem claro a gritante diferença entre ser e estar imbecil. A inversão de valores é evidente, as novas tendencias, os novos ídolos, as novas ideologias, os novos Messias.

Será soberba minha de novo?

O momento político é crítico. O país está dividido em dois. Nada acontece. Tem crise, inflação, desemprego, violência, péssima distribuição de renda, futebol falido. Vivemos um 2016 travestido de 1994. Acho que é por isso que estou tão confuso, tão engasgado. Nesses três anos ficou difícil se expressar sem ser julgado, pois se você não agrada "x" ou "y" tem alguma coisa errada. 

Escrevo em parágrafos porque ainda estou pensando em parágrafos. Desculpe se está tudo meio desconexo, mas eu juro que tudo faz sentido. 

Hoje eu li que TODOS NÓS SOMOS O RESULTADO DO MEIO EM QUE VIVEMOS, e acho que é por isso que estamos meio imbecis. Os caráteres que vêm sendo formados estão totalmente deturpados. Tá tudo meio burro. Tudo. 

Tudo é meme, tudo é piada e a vida virou uma anedota. Embora memes sejam engraçados, a gente tá rindo muito de tudo, e já dizia Frejat que "rir é bom, mas rir de tudo é desespero". E nessa de não levarmos nada a sério e termos aquela velha opinião formada sobre tudo ficamos num eterno jogo de morde e assopra. Tem gente perdendo amigo pela piada, literalmente! Esquecemos que discussão não significa briga, e que divergir (as vezes), é o melhor caminho.

To "cavucando" aqui, mas tá embaçado. Tá indo no tranco!

Já li e reli esse texto procurando um pouco de hipocrisia, mas acho que consegui ser sincero, embora pouco claro.

Vou fazer minha parte. Evitar a soberba. Se pá esse é o caminho.


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Solitudine

Não adianta escrever sobre o tempo. Ele não respeita ninguém. É comum a todos, favorece alguns e esquece de outros. Faz falta viver tudo de novo. Fazem falta aqueles que se foram. Não dá pra entender. O tempo, não dá pra entender o tempo.

Um nó na garganta, uma lágrima petrificada. Não escorre do olho. Não ousa cair, pois se cair, traria com ela muitas outras. 

Desaprendi a chorar. Desaprendi a enganá-lo, a dominá-lo.

Saudades é um sentimento engraçado. Tem vida própria. Algumas vezes bate uma saudadezinha boa, um aperto no peito gostoso. O choro sobe à garganta, mas não sai. Mas as vezes a saudade vem triste. Tom Jobim já disse que tristeza não tem fim, e que a felicidade sim!

Fico me perguntando quando vou reencontrar o choro novamente. Independente de tristeza ou de felicidade, apenas queria ver novamente meus olhos marejados. Engraçado sentir saudades de chorar. Mas é preciso lavar a alma (ah, o clichê de falar d'alma).

Em tão pouco tempo de vida, pareço ter vivido bem mais do que isso. Não tenho a sapiência que gostaria de ter, não consigo explicar muitas coisas que uma pessoa de 70 anos consegue. Tenho a curiosidade de ser velho, pois na velhice, as lágrimas voltam. É fácil chorar como uma criança. 

Me lembro de ver minha avó chorando. Lembro de uma vez em que deitei ao seu lado e a vi chorando. Lembro dos olhos vermelhos. Lembro que o motivo do pranto era banal, mas mesmo assim, lágrimas são lágrimas.

Não faz sentido buscar as lágrimas, quando todos lhe querem com um sorriso no rosto. Mas se não houvesse a necessidade das lágrimas, não faria sentido sua existência.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Contradigo-me ousando.

Quantas vezes você se apaixonou na vida?

Quantas vezes você teve a certeza de que aquela pessoa era a certa?

Quantas vezes você ousou quebrar a cara?

Quantas vezes você pertenceu a alguém?

Quem ousa amar, ousa errar, ousa se machucar. 

Ela tem um sorriso maravilhoso, quase divino. Eu amo seu sorriso, e o que vem com ele também.

Não adianta explicar, esse sentimento não cabe em palavras. Mas não ouso me machucar, não ouso pertencer. Já quebrei a cara algumas vezes, e não sei como tornar a me arriscar.

Se apaixonar é fácil, o difícil é apaixonar.

Muitas vezes.

Todas elas.

Na maioria delas.

Sequer uma vez.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Descomplicando a simplicidade

Queria viver uma vida mais simples. O ser humano complica tudo o que pode, e como me encaixo nesse perfil, complico também. Viver deveria ser mais prazeroso, não que não seja, mas ao invés de momentos de alegria, de simplicidade, a vida toda deveria ser levada dessa maneira. Ouço uma música, e sinto ela dentro de mim. É estranho, mas é a verdade. Ela penetra em meus ouvidos e a sinto tocar minha alma. Músicas explicam estados de espírito, sensações, sentimentos, e isso é o que torna a vida simples. Essa sensação de estar bem, de estar completo, mesmo que seja pelos míseros minutos em que a canção toca, a simplicidade me abraça. Sinto que posso ser o que quero ser, falar o que me vem à mente, e tudo parece lógico. Tentar explicar sentimentos é complicado, e acho que é o que mais tento fazer em meus textos. Mas, pensando bem, quem sabe esses sentimentos não precisem ser explicados? Será que sou eu forçando a barra?!
Um poeta, além de precisar de inspiração, precisa inspirar. Assim como um músico, um letrista, também. A inspiração vem das coisas simples, mas pode criar o inimaginável. 

Eu duvidava do amor, não duvido mais.

Duvido ainda da felicidade.

Acho que vou brincar de ser simples, pois não há nada mais simples do que assim ser.

Simples assim.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Desengasga

Tira esse nó da garganta, grita, fala alto, pra todo mundo ouvir. Diz que é amor, ou no mínimo uma paixão tão intensa que até dói de vez em quando. Abre o coração, pensa como homem de verdade. Sente. Sinta.

Pense como eu penso, e, por favor, não mude de idéia. Não pode ser só meu, isso não pode ser único. Você me diz uma coisa, sua pele me diz outra. Seus olhos, o clichê da janela da alma, me dizem isso. Fala o que sente. Abre o jogo. Põe pra fora.

Falar, escrever, pensar, sentir, tudo em você, sobre você, por você, para você. Não dá pra fugir.

Loucura boa essa, às vezes incomoda. O nó, o nó na garganta incomoda. Ele precisa ser desfeito. Essa conversa tem de fluir, tem de existir. Não dá pra te ver e não te querer, (É, isso é Skank. Ou será Nando Reis?), mas é verdade.

Seu nome, seus olhos, sua boca. Tudo é perfeito. A perfeição segue o padrão de cada um. Algo ou alguém só é perfeito a quem interessa, a quem assim os denomina.

Perfeita cheia de defeitos.

Certa, tão cheia de incertezas.

 O oposto.

 O avesso do avesso.

É o último suspiro, a última cartada, a última palavra, a última estrofe cantada, a última nota tocada.

Não resisto, insisto, persisto.

Não discuto e não oculto. Não luto mais.

Descobri que te amo.